Gaiola

A gaiola está fechada e eu não enxergo as grades. O vento e o seu frio incomodam, mas não tenho para onde ir. Estão todos lá fora voando e eu aqui me perguntando se saberia voar como eles. Será que gostam de voar? E suas asas, será que não fatigam?

Não recordo desde quando estou nesta gaiola. Talvez tenha nascido aqui ou talvez tenha entrado sem perceber. Às vezes é confortável, mas quando olho em redor sinto medo, todo tipo de medo, e volto a me encolher no canto.

A gaiola está fechada? Não sei ao certo, não enxergo. Não posso dizer muita coisa sem ver suas grades e onde estão, por isso permanecerei aqui até quem sabe algo descobrir.


Khaos

Eu preciso encontrar uma saída, mas alguma parte em mim não anseia o mesmo. Tudo o que eu sinto é vazio, tudo que eu respiro é vazio. Nada faz sentido e isso me corrói, mas eu continuo aqui. Mesmo assim há algo dentro que se apraz com essa sensação e eu continuo aqui, dia após dia, morrendo sem morrer, existindo por existir.

Sem pertencer a lugar nem um eu sigo sem sentir um chão sob meus pés, sem saber sequer se um dia haverá algum à frente. Avanço sem razão.

Há dias em que é possível sorrir sem mentir, mas isso não muda o vazio. Eu preferiria ser ferido constantemente, semana após semana, talvez assim eu pudesse ter algo para sentir. 

Uma amálgama de sentimentos se desbota até não ser mais nada. Eles continuam lá, talvez, perdidos no escuro, indistintos, fazendo parte de mim e me corroendo até eu não os perceber mais.

Eu ainda quero encontrar uma saída, seja ela qual for, mas ainda não tenho força ou coragem. Eu preciso… mas eu ainda estou aqui.

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